Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

sábado, 30 de agosto de 2008

Mais um candidato abecedano

Tá bom, galera, eu sei que analisar alcunhas de candidatos "C" à cargos públicos é emprego do Zé Simão, mas notem o nome de mais um filho da puta candidato a vereador em São Caetano do Sul, claaaaro:

CARNAVAL. O cara chama-se Carnaval.

Desculpem, mas meus princípios me obrigam a comentar tal fato.

Os preteridos

Há um ex-membro de nosso grupo de amigos que se casa hoje. Ela se casa com um namorado que arranjou em algum cemitério da cidade lá por setembro ou outubro do ano passado. E desde tal advento, a garota desapareceu, sumiu, nunca mais deu as caras, não atendeu mais telefonemas, desintegrou-se. Como a população como um todo já a considerava uma pentelhinha - ela é a infeliz que quase morreu em Caraíva - sua ausência não foi lamentada e continuamos a viver felizes e contentes mesmo sem contarmos com sua presença.


Em dezembro do ano passado, Marcão, o dono do Maradona, casou-se com a bela Mônica e uma grande festa marcou o evento. Foi nesta ocasião que a chatinha apareceu em público pela primeira e única vez, acompanhada do namorado misterioso. E foi quando compreendemos a razão pela qual a pessoa estava malocando o homem.


O fato é que o sujeito é ruivo, mas não normalmente ruivo. Ele é absolutamente cor de laranja, cenourão, algo nervoso. E possui uma barba. Não um cavanhaque, uma barbicha. Uma barba vasta e volumosa, daquelas compridas e laranjas. Aliás, porquê gente ruiva tem este hábito de cultivar barbas? Assustador.


É importante dizer que meus amigos constituem um grupo grande, extremamente coeso e preconceituoso, como todo grande grupo extremamente coeso é.


Assim que adentraram à festa, Chata e Laranjão logo encontraram minha querida irmã e o amigo Juliano que, já devidamente alcoolizado lançou:


- Opa! Você não é ooooooooooo................................que toca naaaaaaaaaaaaa.................


Ao que minha irmã emenda: - Nando Reis!!


Três passos adiante, Chata e Ruivão entram no território de Marcelo, o líder dos
mentalmente comprometidos, que, fazendo uma dança estranha baseada nos movimentos de, sei lá, dança do ventre, pergunta sorridente:


- Ô brother, me responde uma coisa!


(Sempre dançando)


- Os pelos do seu saco também são vermelhões como os da sua cara?


E saiu rodopiando pela pista.


Será porquê, que o casamento deles é hoje e nós não fomos convidados???

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Uhúúú!!

Ontem foi aniversário do meu pai e fizemos um jantar divertido para amigos, família e agregados aqui em casa. Como entre nós há um chef de cuisine, desnecessário dizer de onde surgiu a maravilhosa comida servida na festa.

E aconteceu tudo de novo. Duas e meia da manhã, fim de festa, vamos todos repousar, certo? Errado. Fui parar num samba (???) no Largo da Batata (?????) com o amigo Juliano, o amigo chef e mais um amigo que não sei de onde saiu, de onde só me retirei às 4 e meia da manhã.

Creio que preciso me iniciar em técnicas de meditação.

Momento Auto-paparazzo


Isto foi uma tentativa de duas pessoas mentalmente prejudicadas, de executar aquela clássica fotografia em close, onde um dos fotografados é também o fotógrafo. Estica-se o braço, mira-se a lente nos rostos e dipara-se o botão.
Simples, porém nota-se que enfrentamos algumas dificuldades.

Hell

Na quarta-feira passada, entediada de minha residência, convenci Muso de promovermos um agradável jantar em um japa bem gostoso. Após descobrirmos que a irmã de Muso estava se dirigindo ao Naga, decidimos nos juntar à sua turma. E é óbvio que, o que era para ser um civilizado jantar na companhia de amigos, transformou-se em uma esbórnia coletiva e terminou mal. Bem mal.

Como somos todos integrantes do grupo "animados do Brasil", digo que é muito difícil controlar os limites da noite. Essa história de sair "só para jantar", já caiu por terra há tempos e não sei porque acredito nela até hoje.

Sendo assim, durante o jantar, alguém ligou para outro alguém, e este alguém passou a informação de que haveria um camarote reservado em nosso nome na boite Heaven. Terminado o período gastronômico da noite, lá fomos para o raio do lugar.

Seria adequado dizer que tivemos o péssimo gosto de ir para o raio do lugar. Porque não é possível que alguém que goze de suas perfeitas faculdades mentais, ache viável a permanência em um lugar onde 90% dos presentes usem bonés como adorno de cabeça. Onde 90% dos presentes possuam idade inferior a 21 anos. Onde 90% dos presentes cantem animadamente todas as músicas putz putz que tocam enquanto uma fumaça branca sai, continuamente, de um tubo lateral. Onde o camarote se localiza nos fundos do recinto, dois lances de escada acima, e o único banheiro da casa encontra-se ao lado da porta de entrada, atravessando a pista, subindo a rampa, transpondo o rio, atrás da montanha, à direita.

Claro que, em determinado momento, entrei em síncope e abandonei o local. E juro pela terra vermelha de Tara, que jamais pisarei na Heaven novamente.

Don Vito Corleone

Meu pai é um senhor muito sério que não consome nenhum tipo de líquido cuja composição leve álcool. Vai saber de onde eu tirei tamanho gosto pela coisa, mas enfim.

Continuemos atentos ao fato de papai não consumir álcool. Certa noite, voltando de São Caetano, ele foi parado pela puliça. Motivo: blitz com bafômetros. Encostou o carro e aguardou para que o policial estabelecesse contato. Para quem não conhece meu pai, será difícil vizualizar a cena, mas vou descrever o ocorrido assim como ele me contou pelo telefone:

Filhinha, o papai estava dirigindo para casa, quando, entrando na Arapanés, um vagabundo com tempo livre mandou eu encostar o carro. O folgado veio até minha janela e disse: "Boa noite. Estamos realizando uma blitz e gostaria que o senhor, por favor, me acompanhasse para soprar o bafômetro."



Olha que folgado, isso é jeito de falar? "Gostaria que o senhor, por favor, me acompanhasse para soprar o bafômetro", folgado esse cafajeste, viu filha".



Já fiquei cabreiro com o moleque mas fui pra não criar confusão com polícia.



Sabe o que ele queria, esse mal educado? Que eu soprasse o bafômetro! Eu disse para ele que não ia enfiar minha boca naquela coisa nojenta, onde todos os bêbados da semana já haviam babado. Daí, ele me explicou que o que tinha lá, era um novo modelo de bafômetro, no qual eu não precisaria enconstar a boca, bastaria assoprar de longe. Olha que cara de pau! Isso é jeito de falar?



Fui até lá e soprei o bafômetro. Deu zero, né. Você sabe que o papai não bebe.



O engraçadinho olhou para mim e disse:



"- Muito obrigado, senhor. O senhor pode ir embora."



Obrigado, pode ir embora? Isso é jeito de falar, filha? Além de folgado, o moleque ainda era malcriado, só fui embora para não criar confusão, viu?"

Ou seja: é mafioso ou não, meu progenitor?

A razão de minha blasfêmia

Devido à ausência de minha registradora por motivos de saúde, pedi socorro ao contador e este ordenou que eu instalasse o programa da Receita Federal para emissão online da porra da nota fiscal paulista.

Radiante por ter conseguido solucionar de maneira simples e prática o problema, quase não me contive de ansiedade aguardando o primeiro desocupado que demonstraria interesse pelo documento fiscal.

Após uma espera relativamente curta, eis que surge o respeitável comprador de 3 peças da promoção de 12 real. Diante da fortuna despendida em peças de vestuário, o distinto senhor achou por bem exigir sua nota fiscal paulista.

- "Sim, pois não! O senhor, por favor, me diga o número de seu cpf!"

E ouço o seguinte como resposta:

- "Olha, eu não costumo fornecer o número de meu cpf para qualquer pessoa....."

Depois, me perguntam porque certos eventos fazem com que eu perca a alegria de viver.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Doa-se cliente

Velho criando confusão na loja, pois fora até lá fazer uma troca, mas não planejava pagar a diferença. Um clássico do comércio. Quem o atendia era Ana, uma vendedora que engoliu aquele apito de chamar maluco. E não consegue cuspi-lo.

Depois de muito reclamar, ameaçar, bradar que conhecia "seus direito", o filho da puta concordou em pagar a diferença mediante a um pequeno (enorme) abatimento no valor final.

Vocês ainda terão a oportunidade de me ver algemada na TV confessando um assassinato. E a Ana no mesmo camburão. E será em breve.

Dirigiu-se ao caixa, local onde insisto burramente em permanecer, JOGOU 6 real referentes à diferença entre as peças, os quais capturei no ar com habilidade ninja, e se pôs a falar:

"Zeroquarentaeoitonovecentosevinteduzentosecinquentatrintaesete."

Demorei alguns segundos para captar a mensagem e minha cara tomou, momentaneamente, a seguinte forma: "?".

Percebendo o fiapo de dúvida que me acometera, o velho disparou novamente, desta vez em elevado tom de voz:

"Zeroquarentaeoitonovecentosevinteduzentosecinquentatrintaesete!!"

Calmamente (porque estou fazendo o possível para manter a calma; se chegar ao fim do ano sem empalar alguém, estou apta a ir ao Tibet na condição de Lama), comecei a explicar que houve um grave problema com a impressora de minha máquina registradora, portanto a assistência técnica havia retirado o trambolho dois dias atrás, e no momento ela encontrava-se em um posto fiscal, único local autorizado a abrir objeto de tal natureza, para conserto - e o homem bufando.

E apresentei o comprovante. O comprovante que comprovava que a máquina que emitiria a porra da nota fiscal paulista estava QUEBRADA e CONSERTANDO - e o homem bufando.

Logo, não haveria possibilidade de materializar a nota naquele momento, mas ele deixaria o número de seu CPF - cuja numeração era compatível à dos documentos emitidos no Paleolítico - que, tão logo a registradora retornasse, eu enviaria a nota paulista para sua residência.

Ao que o velho me respondeu:

"Quer dizer que eu vou sair daqui assim? De mãos abanando?"

Neste momento, entrei para o grupo de risco do AVC. E a Ana emendou:

"Não, o senhor pode enfiá-las no bolso...."

Por isso que certas pessoas são contratadas.

Lições de vida

Encontrei a mãe da Vã, minha melhor amiga da infância, no meio da rua. Vã é linda, bem sucedida e muito, mas muito bem casada.

Quanta felicidade, que saudades, gritamos, nos abraçamos, pulamos e a fofoca teve início. Falamos mal de todos que conhecemos, comentamos antigas bizarrices, relembramos aniversários, casamentos, festas e tudo o que já vivemos juntas.

E veio a questão crucial, razão do tormento que habita a vida de todas as mães:

Tia: "E você, linda? Já casou?"

Minha pessoa: "Tá me estranhando, tia?"

Tia: "Graças a Deus! Estava morta de medo que você me desse outra resposta!"

Eu: "???????????????????????????????????????"

Tia: "Só não me invente de resolver se casar com um estrupício qualquer!"

Tentando tranquilizá-la, disse que não, não pretendia me casar com qualquer um. De onde ela havia tirado tal idéia?

E ela emendou: "Não seja incompetente como a Vã! Ela foi capaz de escolher, escolher e se casar com um judeu POBRE! Totalmente desprovida de talento, minha filha!"

- "Mas tia, ele não é pobre, eles possuem um belo montante em bens....."

- "Linda, ele é judeu! Ele poderia ser 100 vezes mais rico, veja o dinheiro que têm seus primos e irmãos!"

Creio que preciso prestar mais atenção aos pequenos detalhes...

domingo, 24 de agosto de 2008

Pobrema insolúvel

Minha boca funciona da seguinte maneira:

Se houver frio, racha. Dois dias passados, tudo volta ao normal, mas se ocorrer melhora climática, isso faz com que haja novo rachamento da boca. E dois dias depois, tudo está curado. Aí, esfria novamente. E a porra da boca racha de novo. Quando voltamos ao calor, racha tudo por cima do rachado anterior.

Concluo que é necessária a contratação de um macumbeiro para me auxiliar nesta questão.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Xaveco imbecil básico para iniciantes - Módulo I

Entre as tantas pessoas estranhíssimas que praticam exercícios físicos no mesmo recinto escolhido por mim para tal finalidade, há um imbecil especial. Único.

Já faz algum tempo que o mongol me importuna, mas agora, suas investidas estão chegando a níveis trágicos. Ele anda fazendo o possível para ser contemplado com uma agressão física.

A perseguição teve início quando, alguns meses atrás, este pateta me abordou nos corredores da musculação, com o seguinte texto:

- Oi, desculpe atrapalhar o seu treino, mas estou há dias querendo falar com você.......

- Hã.....

- Não me leve a mal, não quero ser inconveniente, gostaria de esclarecer que isto NÃO é uma investida......

- Ahã.......

- Mas eu tive um sonho muito especial, onde tive a oportunidade de ver sua aura, e sua cor é lilás.....

- Hã.......

- Isso é absolutamente incrível, você é uma pessoa muito iluminada, tem muita sorte em tudo o que faz.....

(Falou então. Se eu fosse iluminada e tivesse sorte o suficiente, tu acha que este pentelho estaria me............PENTELHANDO?)

- E eu preciso te dizer que algo muito bom, espetacularmente bom, está prestes a acontecer em sua vida....

- Hã........

- Por favor, não pense que sou maluco ou cara de pau. Meus guias estavam me cobrando esta conversa com você......

- Ahã.............

A partir deste momento, esse cretino passou a se referir a mim como "Iluminada".

"Oi Iluminada!", "Vai correr, Iluminada?", "Chegando agora, Iluminada?", "Para quê esta foice, Iluminada?"

E assim, passaram-se meses com este idiota enchendo meu santo saco.

Mas ontem, decidi que era hora de planejar seu desaparecimento. Estava sobre a esteira, correndo, esbaforida, arfando, quando o ser humano cola ao meu lado, plantado entre a esteira ocupada por mim e a da pessoa seguinte. Tumultuando.

- Posso te fazer duas perguntas?

- Hã..........

- Por quê, às vezes, me pego pensando em você??? Não responda! Você disse que eu poderia fazer duas perguntas!

- Ahã.......

- Por quê você é tão linda?

Mal terminou a frase, ouço: "HUUUAAAAAAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!". A risada do cara ao lado, que me poupou de ser obrigada a vomitar na cara do debilóide, quando olhou para ele e disse:

"Meu filho, some daqui antes que todos os corredores se unam para te jogar janela abaixo".

"AAAAAEEEEEEWWWWWWWWW!!!!!" - grito coletivo envolvendo todos os presentes na plataforma de corrida.

Milagrosamente, enquanto pisquei os olhos, o babaca sumiu. E creio que, por estar devidamente ameaçado, não voltará a me importunar, pelo menos enquanto durar este ano.

Vitória.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Na cama com Jurema



Sim, eu sei, isso é coisa de mãe babaca. Quem disse que nego minha condição?

O que me intriga é o fato de uma cachorra de 70 cm - se não contarmos o rabo - se estatelar em uma cama Queen e não sobrar porra alguma de espaço para mim, no caso, a proprietária do móvel.

Não tenho coragem de expulsá-la. Na pior das hipóteses, estou disposta a dormir no gramado.



"Estilo Arreganhada"

domingo, 17 de agosto de 2008

A vizinhança manifesta-se

Fazia tempo que não havia tumulto na tumba da vizinha aqui ao lado, a velha desgrenhada.

Hoje, porém, a família Adams resolveu mostrar serviço. Passei o dia inteiro jogada em casa, alternando posições entre a cadeira da piscina, o sofá da TV e minha cama, logo pude observar o movimento.

A questão é que, desde o meio dia, essa gente não pára de berrar. São berros humanos embalados por música ininterrupta. A casa dessa velha é a Apoteose, ceis não têm idéia. Tenho pra mim que a bateria completa chega em 20 minutos, DE ONDE SAIU ESSA GENTE, MEU DEUS? Nem sei se essa pergunta é pertinente, uma vez que estou quase convencida de que o problema sou eu. Eu atraio essas merda pra viver ao meu lado. Precisando de um padre exorcista, viu. Full time, tipo funcionário da casa.

Um detalhe importante, é frisar que, junto com os berros e a música, também temos crianças. Que delícia: crianças. Completando o inferno na Terra. Adoro criança, só que ao contrário, todos sabem, certo?.

E claro, onde há crianças, há ruído, zona, confusão. Eles estão brincando de Rocky Balboa e batucando. Parece que há pessoas sendo empurradas na piscina. Isso é uma gafieira. Mas na hora que começa a briga, sabe? É um risca faca com briga, isso. Pelo menos é o que meus ouvidos me dizem.

Em alguns minutos, este povo atingirá a marca de 10 horas de barulho contínuo na minha orelha. Devido à putaria, meus cães não páram de latir e estão quase se suicidando. Puro desespero, e eles não podem mandar ninguém ir TOMAR NO CU através do muro, vantagem restrita a mim, que no caso sei falar.

Para que isso não aconteça, planejo bater em retirada. Ou serei obrigada a...sei lá....jogar ovos no quintal? Boa? Muito batida?

Vou jantar na casa de Muso e espero não encontrar estes seres na ocasião de meu retorno ao lar. Chequei a geladeira e OVOS eu tenho. É que eu prefiro prepará-los scrambled a joga-los muro acima.

Enfim.

Baianos Pictures Presents.....

Meu querido irmão, Rodolfo, é casado com uma moça soteropolitana, Flora, que abandonou a Bahia para viver ao seu lado. O feliz casal reside em Ubatuba, porque o moleque, infinitamente mais esperto do que eu, decidiu que não estava preparado para abandonar o surf em prol do trabalho. Assim, ele é proprietário de próspero comércio no centro da cidade e frequenta a praia diariamente. Puta idéia, essa.

Como não são nada pacatos, os dois frequentam assiduamente São Paulo. E a família de Flora, espalhada pelo mundo, aderiu ao hábito. Portanto, minha residência vive em situação constante, a grande festa da baianada. Sempre que vêm de Ubatuba, trazem algum ente caído de pára-quedas na região.

Neste final de semana, quem apareceu foi Marcelinha, uma das primas de Flora. Uma louca varrida, habitante de Salvador. E coloca todo mundo para dentro do camarote 2222, na Barra. Conheci a doida em Caraíva, alguns verões atrás.

Na ocasião, havia uma pentelha entre nós. Uma pessoa que, sentada à beira do Rio Caraíva, só fazia reclamar. Mau-humor ambulante, um poço de chatice. Como ninguém estava nem aí para ela, a mala decidiu que ia ficar doente, para encher mais o saco dos bêbados na praia. E arranjou uma intoxicação que incluía suor frio, vômitos, pressão baixa, dor no corpo, cãibras, falta de ar, enxaqueca, tremedeira, dor na unha, língua áspera e por aí vai. A chata atingiu seu objetivo, já que Caraíva inteira se mobilizou para tentar descobrir a origem do mal. Rodinhas formavam-se na praia; donos de pousadas reuniam-se no Bar; nativos organizavam uma convenção no beco do Pará; Pataxós executavam danças sagradas em torno da fogueira; o Pajé já fora acionado. Seria intoxicação alimentar? Água contaminada? Picada de algum inseto exótico? Ebola? Macumba? Só se falava nisso, uma nação consternada.

Quando Marcelinha, de saco cheio daquela chacrinha, levanta-se, acende um cigarro e olhando fixamente para todos, diagnostica com desprezo:

"Réssaca. Isso aí é réééssaca." E abandona o ambiente.

Ataque de riso coletivo, nunca mais pensamos na moribunda. Que ficou o resto do verão trancada num quarto escuro. E parece que ela está oficialmente proibida de cruzar o rio em direção à Vila.

sábado, 16 de agosto de 2008

Cenas de um sábado

Hoje pela manhã, tomando o rumo da loja, duas coisas quase me fizeram bater com o carro.

Logo que deixei a residência, dirigindo meu automóvel por Moema, noto uma presença. Um homem, à pé, em meio à multidão da Rua Canário, caminhando e segurando a seguinte placa: "Estressado? Abrace-me!". Há comentários possíveis? O que leva um ser humano a tomar uma atitude desta espécie?

Após alguns minutos, já no perímetro abecedano, surge uma carreata arruinando com o trânsito local. Carreata em prol de certo candidato a vereador. Nome do desgraçado: JAZANIAS.

Dia nacional dos babacas? Bando de freaks, sai de mim!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Gás tóxico

Pessoas pobres - incluo aqui todos aqueles que são obrigados a trabalhar para produzir dinheiro - submetem-se frequentemente a situações imbecis que poderiam ser evitadas com uma bela herança ou golpe e a garantia de permanência na piscina de casa durante o dia.

Não há quem saia ileso. Eu, por exemplo, tenho uma horda de clientes para me fritar o cérebro. O cadastro que todos possuem na loja será muito útil no dia em que botocarei minha cara. Vou cobrar um por um, já que não haveria necessidade da aplicação de tal produto sem a grande parcela de culpa destas pessoas.

Tive esta conversa recentemente, durante um jantar com saquê e minha amiga K. K detém importante cargo na diretoria de uma grande agência de internet e também não para de pensar em opções viáveis para um golpe do baú.

Além de herdar uma funcionária mal vestida, de cabelo sujo e que usa faixas de mau gosto na cabeça (certa manhã, a sujeita apareceu com uma faixa branca que cobria desde a testa até o cocoruto. K não se conteve e perguntou se ela havia quebrado a cabeça), eis o que acabara de acontecer com ela:

Surgiu um problema totalmente impróprio e K foi obrigada a levantar a bunda de sua cadeira e se dirigir à "tecnologia", área da empresa localizada em outro andar do edifício.

Chegando lá, reuniu a equipe à sua volta e deu início a uma breve reunião. Dois minutos após começar a falar, PRRRRRRRRRRRRR! O ser humano em frente.....peida. Na cara dela. Olhar de ódio lançado, prosseguiu a reunião. Mais 40 segundos e PRRRRRRRRRRRR!!!! Outra bufa. Nova encarada e K voltou a falar, já planejando como mandaria matar o cidadão. Mais 3 minutos de conversa, PRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!!!!

Aos gritos: "Caralho, amigo! Você está passando bem??? O que você almoçou, hein??? Comeu merda e tomou mijo?? Porque eu acho que não te fez bem, não!! Precisa de um banheiro? Vamos que eu te levo!!!"

Catou o cara pelo braço e o conduziu, aos trancos, até o toilete masculino. E, claro, foi embora sem terminar o assunto, missão transferida ao trouxa mais próximo, por ela própria.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Porque, às vezes, torna-se impossível amar o próximo

Quarta-feira, 7 horas da manhã. Quando digo 7, são SETE, não são sete e meia, nem oito. SETE!

Só para efeito de esclarecimento, este é um horário com carcterísticas muito bem definidas na minha vida. Ou a) ainda não cheguei em casa e estou tomando uma cerveja em algum local suspeito; ou b) estou desacordada em minha linda cama, quase azulando devido à baixa potência de meus sinais vitais.

Hoje, especificamente, estava executando o item "b". Quando fui violentamente interrompida pelo toque insistente de meu telefone fixo diretamente em meu tímpano. Sem discernir o certo do errado, peguei o aparelho e grudei na orelha.

"Hhhhaaaaaloooohhhhh....." (voz cavernosa)

Do outro lado, um serelepe interlocutor: "Bom dia! É da 'Ypsilone Duplo Imobiliária'?"

"Nãããããooooooooo, cof cof coooooofffff......" (de dentro da tumba)

O idiota: "Eu gostaria de falar com o Sr. Ricardo!" (lépido e fagueiro)

"Bonitão, aqui não tem Ricardo nenhum, você ligou na minha casa....e são 7 horas da manhã!"

E o palhaço: "Senhora, independente do horário, aí não é o telefone 234-5678?"

ÓDIO SE MATERIALIZANDO

"É...Cooooooooffffffff" (tosse comprida)

Insistindo: "Aí é a Rua X, numero Y?"

"Éééé, PORRA!"

O cretino: "Pois então! É o telefone e endereço da 'Ypsilone Duplo'! O Ricardo está?"

"Nããão! Aqui é minha casa, não tem nenhuma bicha amiga sua chamada Ricardo e eu estou dormiiinnndoooo!"

Para finalizar: "Senhora, independente de você estar dormindo, poderia confirmar seu número de telefone novamente?"

Obviamente, após este pitoresco diálogo, meu feliz interlocutor foi orientado a fornecer gratuitamente seu ânus a um jegue e o telefone, devidamente arrancado da tomada.

Não dá vontade de descobrir onde esta pessoa mora e aterrorizar sua vida para sempre? Como num divertido e relaxante hobby? Será que este imbecilóide não pensa quão viável meu plano é? Tudo começaria através de simples identificação do número gravado no visor de meu aparelho telefônico...........

Acontecimentos cretinos

Há uma amiga, também integrante da turma dos excêntricos, que mantém um caso amoroso com um cidadão faz mais de 10 anos. Não posso nomear personagens, pois o sujeito em questão é um moço casado que corneia sua respectiva esposa.

O casal tem por tradição sediar seus encontros carnais no no Motel Astúrias. Também diz a tradição que, em dias de chuva, o teto da suíte deve ser aberto para que o fenômeno natural participe do evento. A cama é ignorada e eles desfrutam todo o período na piscina, sob a chuva. Não é necessário explicar que tais eventos ocorrem durante o horário comercial.

Houve recentemente uma destas incursões chuvosas ao motel. Após uma hora praticando sexo a céu aberto, o casal avista a seguinte placa afixada na parede:

"Srs. clientes,

Informamos que, devido à obra executada no prédio vizinho, a privacidade dos apartamentos equipados com teto retrátil está comprometida. Os andaimes localizados nos andares superiores dão acesso visual ao interior das suítes. Pedimos desculpas pelo transtorno. Estamos trabalhando para solucionar o problema.

A gerência."

Daí a explicação para os gritos e aplausos que vinham ouvindo desde o início.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Profecia

Preciso encontrar outro tipo de ocupação. Algo que anule as sequelas geradas por meu cotidiano.

Hoje à tarde, vejo uma mulher entrar na loja. Descabelada, suada, dizendo que não havia conseguido comprar presentes de Dia dos Pais para ninguém e precisava loucamente resolver este problema hoje. Exasperada.

Cheguei a comentar com uma das vendedoras: "essa aí toma algum psicotrópico. Ou não toma, mas deveria". A mulher era completamente nervosa e com tiques.

Foi neste momento que compreendi a origem de seu desequilíbrio mental. Logo atrás dela, avistei um moleque que, aos berros descontrolados, intercalava sua imitação de veículo automotor com gritos de "MÃE!!!!!". E foi pedalando um triciclo que este garoto adentrou o ambiente.

E desembestou corredor abaixo, manobrando a lhuca do triciclo, fazendo zigue-zagues entre as pilhas de camisas. Choque coletivo, todos colocaram uma cara estupefacta na fuça e grudaram o olhar no movimento, prevendo o pior.

O PIOR: No fundo da loja, muito próximo aos armários que abrigam a coleção de ternos tamanho extra, há um cinteiro em cujos ganchos dependuram-se centenas de cintos, claro. É um objeto grande, praticamente um totem de cintos, impossível de ser deslocado por apenas uma pessoa de boa vontade. Logo atrás, encostado no grande cinteiro há uma sequência de 10 pilhas de camisas em caixa, com altura variável entre 18 e 20 caixas.

Esta criança teve a capacidade de porrar seu triciclo contra o cinteiro, o que gerou uma segunda colisão, do cinteiro com as 200 camisas atrás dele. Após o barulho de explosão, incêndio e vidros estilhaçados, tudo veio abaixo. Sobre o menino. Que saiu dos escombros morrendo de rir e, assim, continuou a pilotar seu brinquedo pela loja.

Vai me dizer que esta pessoa não é Damien, o filho do Demônio?

domingo, 10 de agosto de 2008

Não vi, não quero ver e tenho raiva de quem viu

Hoje, alguma pessoa presente no almoço do meu pai me perguntou:

"E aííííí? Você viuuuuuu??? O Brasil na Olimpíada?"

Que raiva. Claro que não. Ontem à noite fiquei em casa, mas assisti uns filmes, America´s Next Top Model, algo sobre raios gama que nos fritarão em algum momento não definido, essas coisas que pessoas assistem na TV.

Porque não vejo vantagem nenhuma em presenciar o grande feito representado pela quebra do record mundial de arremesso de martelo. Atividade Viking e sem nenhuma utilidade prática. Quer fazer esporte? Vá correr, nadar, praticar bola ao cesto, seja normal.

Salto com vara. O que leva uma pessoa a desejar pegar uma vara, sair correndo e passar voando por cima de outra vara? Jogue tenis, desgraçado.

Graças a Deus alguns elementos já eram. Continuaremos obrigados a ver o pódio de salto à distância (outra imbecilidade que nunca compreendi), por exemplo, 17 vezes por dia, a cada intervalo comercial. Mas a pentelhação vem certamente em menor escala.

Baba

Hoje de manhã, Domingão de loja aberta vendendo até a mãe - ninguém no país compra presentes de véspera, esta é a verdade - e todos mega master ocupados no recinto comercial. Meu pai pega o telefone do balcão e diz:

"Vou cobrar meus presentes."

E passa os próximos 45 minutos com o aparelho colado na cara, na linha com todos que conhece, gritando sobre presentes que ainda não chegaram às suas mãos e rindo abobadamente. Idade mental: 7 anos.

Isso é uma pessoa que, realmente, possui invejável relacionamento com o trabalho.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Raindrops keep fallin´on my head

Na minha opinião, a coisa mais imprestável e inconveniente que existe na face terrestre é chuva.

Chuva atrapalha tudo, arruina seu esquema para qualquer tipo de ação. Sou fã dos períodos secos e poderia viver tranquilamente sem água caindo do céu por eras e eras.

E digo isso na qualidade de asmática dos infernos que sou. Prefiro Berotec na veia à vias alagadas e cabelo torto.

Deus, enquanto mestre e criador do universo, poderia ter optado por algo mais cômodo para abastecer de água o planeta.

Já que sou fã de Azambuja......

Em Quixeramobin (isto se localiza na Bahia, craro)....................

http://br.youtube.com/watch?v=96bA1haSmrk

sábado, 2 de agosto de 2008

Queridos clientes

Na minha opinião, uma parcela das pessoas que sai de casa desejando comprar coisas em uma loja, está, na verdade, procurando confusão. Veja se é implicância minha ou se esta pessoa não tem, realmente, medo de morrer:

No mês de maio, MAIOOOOO, uma piranha foi à minha loja e comprou camisas para o corno de seu marido. Muito exigente, o palhaço não gostou das peças e os infelizes retornaram para fazer a troca. Já na loja, ele continuava em desagrado, nada lhe parecia bom, não havia ofertas suficientes para o reizinho. Nada, em uma loja de 250 m², onde se comercializa desde cuecas e meias, até ternos italianos. Passando pela linha completa de camisaria, jeans, bermudas, calças esportivas e sociais, camisetas, sapatos, blasers, jaquetas, tudo.

De saco cheio desse cara, dei meu cartão para o idiota com um vale. Como na loja não tinha "absolutamente nada", ele poderia voltar em algumas semanas para efetuar a troca. Valor do drama: R$190,00. Ainda por cima é pobre. Comprou uma porrada de coisas, tudo o que estava na promoção e não gastou nem 200 paus. Pobre.

Me esqueci da existência destes otários e a vida ia muito bem. Ia. Até que hoje, visualizo a dupla caminhando porta adentro. Foram gastar o vale. "Ótimo", pensei, "assim me livro para sempre".

Quanta ingenuidade........até parece que é facil se livrar de gente pé de chinelo que pensa que gasta pra cacete.

Estes dois alugaram uma das vendedoras por uma hora, em pleno sábado. Eu via a ira nos olhos da menina. Até que veio a bomba. Eles queriam o dinheiro de volta, porque, segundo a puta, na loja não havia nada que "prestasse".

Sim, uma mulher velha, gorda, feia, com um marido magrelo, feio e velho, proferiu tal comentário envolvendo meu estabelecimento.

Abri meu melhor sorriso e disse, transbordando compreensão, que sim, ela teria seu dinheiro de volta, mas que não podia subtrair este valor do caixa na hora, precisava antes fazer uma "ordem de saída". Gente burra nunca questiona burocracia fictícia, lição importante. Mandei voltar na terça (sabendo que nunca a mulher captaria a piada).

Meu plano consiste em fazer esse estrupício percorrer a distância de São Paulo a Manaus entre idas e vindas, na expectativa de reaver seu dinheiro. Quando me cansar, devolvo a quantia. Estou gastando R$190,00 para fazê-los de trouxas. É assim que me divirto.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Foragidos

Comentei há poucos dias sobre minha incursão ao Hospital Sírio Libanês e a visita a Muso, que permanecia internado. Na verdade, minha intenção era apenas comentar sobre o fabuloso restaurante onde jantei na quinta-feira, mas achei apropriado contar a história completa sobre esta noite. Eis um breve histórico da situação:

Muso hospitalizou-se por livre e espontânea vontade. Primeiro, porque ele estava com diversos sintomas inadequados, como febre, dor de garganta, tosse, espirros, e já tentava curar-se há mais de 15 dias, sem sucesso. Segundo, porque ele é excêntrico e gente excêntrica pode fazer o que bem entender. Sempre. Assim, ele refletiu e concluiu que uma semaninha no Sírio viria muito a calhar.

Sua internação estava programada para começar na segunda-feira passada, como de fato ocorreu, e terminar ontem, sexta-feira.

Acontece que, se analisarmos a vasta lista de predicados de Muso, não encontraremos o item "pacato". E desde quarta-feira, o homem já estava demonstrando claros sinais de formiga na cadeira. E o que era previsto, tornou-se real.

Telefono ontem no final da tarde para saber sobre seu estado de saúde e ouço:

"Vou fugir do hospital, tá muito chato aqui"

E eu: "mas não há enfermeiros que entrarão em seu quarto para fornecer drogas?"

"Sim. Eles virão aplicar os antibióticos intra-venosos. Tenho que estar de volta antes da meia noite"

Eu de novo: "Mas estes antibióticos não são aplicados através da sonda espetada em sua mão esquerda?"

"Sim. Vou colocar um blaser"

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Normal. A pessoa sai na rua com um tubo fincado na mão após sua fuga hospitalar e pensa que a solução para tudo isso se resume a um blaser. Acredito que ele desenvolveu este plano pensando em omitir a presença da grande seringa enfiada em sua veia.

Chegando ao restaurante, recebemos a surpreendente notícia de que não havia nenhuma mesa vaga. Óbvio. O tempo de espera já estava na casa dos 50 minutos. Tomado pelo pânico, Muso decidiu pedir socorro ao chef e proprietário do estabelecimento, que vem a ser seu amigo. Drama revelado, sentamos em 2 minutos e meio.

Contrariado por ter que tomar um suco ao invés de álcool, meu querido amigo jantou muitíssimo bem. Houve certa pressa, mas foi possível devolvê-lo a tempo para o hospital.