Porque as bizarrices cotidianas devem ser comentadas

terça-feira, 5 de junho de 2012

Civilidade - Primeiro Ato


CICLISTAS X O RAPA.

Trata-se daquela máxima absolutamente rejeitada pelos bicicleteiros da cidade:

"Ciclista quer ser veículo quando o transito flui e pedestre quando está parado".

Não sei quem disse isso, não tenho a menor ideia de onde veio e não me interesso pois nem considero a sentença tão brilhante assim. Portanto, guardem suas pedras. Não fui eu, percebam que o troço está entre aspas, pelo amor de Deus, regras gramaticais todos conhecem, sim? Digam que sim, por favor.

Vamos a um fato real.

Outro dia aí eu estava atravessando a pé a Avenida Cidade Jardim, com o sinal de pedestres iluminado na cor VERDE. Estivesse eu em NYC haveria um "walk" escrito no luminoso, sabem do que eu estou falando? BOA.

Um cretino que vinha pelo trânsito - paralisado pelo sinal VERMELHO - pedalando sua bicicletinha, todo fantasiado de ciclista, com roupinha brilhante, bermuda de lycra, capacete e Oakleys espelhados NÃO PAROU, afinal de contas ele não é carro, ele é BIKE, ele preza pelo bem estar do meio ambiente, ele é evoluído, infinitamente superior à mim, por exemplo, que POLUO a atmosfera terrestre pilotando meu veículo automotor assassino. Tipo isso aqui.

Bem, esse coitado me atropelou. Quando eu digo "esse coitado"....olha, quem me conhece sabe mais ou menos o rumo que este pequeno incidente tomou.

ABRE PARÊNTESE - porque se fosse o contrário, eu dirigindo meu carro e atropelando o coió que insiste em andar com sua bici em meio à insanidade do trânsito paulistano, seria crucificada e todo mundo teria que aguentar mais uma onda sem fim daquelas porra de "não foi acidente". Claro que foi acidente, cazzo. Ceis acham que as pessoas passam por cima de outras propositalmente porque são todos psicopatas assassinos e a-do-ram enfrentar um processinho e pagar indenizações? BAH. Obviamente seria um acidente, caralhos voadores. Vocês nem calculam o mau humor que isso me dá. FECHA PARÊNTESE.

Notem que ali na introdução eu disse que sou civilizada. Em nenhum momento afirmei que costumo colocar em prática os conhecimentos adquiridos na tradicional Escola Christine Yufon, instituição que, na minha época, ensinava boas maneiras às moças da sociedade paulistana. Também não vou dizer que sou mal educada, uma vez que isso seria uma ofensa direta aos meus pais. Eles me educaram. Conheço a teoria. É que eu uso pouco, sabe?

Em suma, o imbecil furou o sinal vermelho onde deveria estar paradinho esperando sua vez, aproveitando a ótima oportunidade para exibir sua roupinha fosforescente de suplex e só não passou por cima de mim pois sou dona de respeitável envergadura. Porém tomei uma bela de uma pancada que me rendeu um roxo imenso do meu lado direito inteiro das anca, costelas, braço, ARRANHOU TODO O ANEL NOVO QUE EU TINHA ACABADO DE COMPRAR NA SATYA, o celular saiu voando, o mendigo que mora ali debaixo da marquise da Dacon veio me devolver, enfim, sofri escoriações, tá? Doeu. Fora o susto do caramba que eu tomei. Tenho idade, logo tenho horror a fortes emoções.

Em tempo: aqui, queridos, NÃO FOI ACIDENTE. Ele bateu em mim devido à sua falta de civilidade. E responsabilidade. E idiotice congênita - gosto de ter esta alternativa sempre como primeira hipótese.

Voltando. O cara me atropelou com aquela merda de bicicleta e caiu devido ao impacto. Levantou bravinho, vejam que interessante. Juro que ainda estou em dúvida se minha fúria italiana foi despertada pela porrada que tomei de um palhaço que furou o sinal ou pela cara de cu com a qual ele me olhou quando levantou do meio fio sua bunda envolta pelo collant verde limão que trajava. Cara de "porra, olha só o tombo que você me fez tomar/entortou minha roda/puxou fio da minha legging/" ou sei lá o quê fez com que este sujeito me encarasse com aquela expressão enfadonha grudada na fuça.

O que ele não sabia é que acabara de arranjar confusão com uma pessoa de ascendência calabresa. Grossa. Corintiana. Ofensiva. Agressiva. Desequilibrada. Que não tem amor ao próximo. E que conhece palavrões cuja origem e significados ele nem imagina. E o mais importante: que estava com a razão.

Certamente este otário está atualmente em tratamento psicológico e tomando medicamentos para o controle da síndrome do pânico adquirida após a conversinha que tivemos ali na esquina. Eu ganhei um roxo modelo corpo inteiro e só. Ele vai ter que fazer muita terapia para reaver sua auto-confiança. Garanto. Sou boa em foder a auto estima alheia. Diria que sou excelente. Palavras certas proferidas na entonação correta ecoam para todo o sempre nos pesadelos que assolam o equilíbrio de quem as ouve e assim constrói-se o inferno na mente dos fracos,  mas vamos concluir esse negócio aqui.

Nego sai de bicicleta. Quer fazer parte do tráfego pois tem este direito. Concordo.

EXIGE que todos os carros, ônibus, motocicletas e similares o respeitem. Porque ele é parte do trânsito. Manifesta, fecha a Paulista, enche o saco de todo mundo. Mas na hora que o sinal fica vermelho, ele ultrapassa. E atropela um pedestre.

Ora, vá se foder, sim? Seja normal, respeite a PORRA da luz vermelha e aí sim, saia com sua bicicleta na rua. A vida é sua. E repito: Darwin explica.

Um comentário:

Cheshire cat disse...

Fico puta com ciclista atravessando sinal vermelho, pedalando na contra mão e, ódio supremo - circulando na calçada.

Se eu pudesse prever a cena teria vendido ingresso, viu? Hahahaha